Entrevista ao jornalista Nuno Tiago Pinto
1-Há quantos anos trabalha na área do jornalismo?
N.P. – Tirei um curso de ciências internacionais na universidade da Lusíada, seguidamente fiz uma formação geral de jornalismo. Posteriormente trabalhei na SIC Notícias, depois no jornal Independente e actualmente na revista Sábado.
2-Quais eram os seus objectivos principais com a realização da reportagem?
N.P.- Os meus principais objectivos eram apanhar o pedófilo, queria saber se era tão fácil como parecia. Realmente foi muito fácil. Em seis minutos apareceu um jovem a pensar que eu era uma menina de doze anos.
3-Como conduziu a sua investigação jornalística?
N.P.- Tentei perceber que chats existiam, como me podia inscrever, arranjei fotos de uma criança de doze anos. Não podia provocar ninguém, apenas tinha que esperar. Quando me perguntavam a idade e eu dizia que tinha doze anos oitenta por cento das pessoas diziam-me para ter cuidado com os perigos que existem na Internet. Quando me pediam para ir para o Messenger punha a foto da criança.
4-Que ajudas teve para executar a reportagem?
N.P.- Não tive praticamente ajudas nenhumas. Foi através do computar que estava na redacção que falava com as pessoas. Um dos pedófilos com quem falei tinha fotos seminuas e também queria fotos da suposta criança. Quando montamos a operação para apanhar o pedófilo haviam fotógrafos nas janelas de um prédio, a pessoa correspondia a descrição.
5- Acha que a sua reportagem despertou o interesse dos leitores?
N.P.- Acho que sim. Recebi várias cartas de leitores e fui convidado para ir à TVI.
6-Como abordar um tema que é grave, mas que não é muito discutido?
N.P.- O tema é discutido, existem muitas notícias de pedofilia. Acho apenas que os temas deveriam ser mais abordados.
7- Acha que há falta de divulgação deste tema?
N.P.- Estes assuntos deveriam ser mais abordados a nível da escola, cada vez mais, as crianças utilizam o hi5, facebook … Era necessário estarem mais informadas.
8- As conversas feitas por si on-line, foram difíceis de obter?
N.P.- Após ter entrado no chat, passados seis minutos, já tinha alguém a meter conversa comigo. Em geral desligavam quando dizia que tinha doze anos.
9- Os resultados da reportagem foram os que esperava?
N.P- Sim. Muitas pessoas leram e ficaram alertadas com a notícia.
10- A polícia interveio na “encenação” que fez ao encontrar-se como pedófilo?
N.P.- Não. A polícia não interveio.
11-Não teve vontade de “partir a cara” aos pedófilos?
N.P.- Foi uma situação constrangedora. Era difícil falar com os pedófilos, dava a volta ao estômago. È claro que se sente vontade de lhe “ partir a cara”.
12- Como agiram os pedófilos quando confrontados com a situação?
N.P.- Quando contactei com um dos pedófilos, já fora da encenação, ele negou tudo. Um ex-militar não atendeu o telefone, outro homem desculpou-se, disse que foi um erro, que a criança o tinha provocado e que a situação não se voltava a repetir.
13- Acredita na intervenção eficaz da polícia?
N.P.-A polícia intervém como pode, acho que deveria poder agir mais. Temos de acreditar no trabalho que faz.
14- Qual é para si a grande solução para o problema da pedofilia na Internet?
N.P- A palavra-chave é a PREVENÇÃO. Os pais devem falar com os filhos sobre os cuidados a ter quando se navega na Internet, também devem fazer um esforço para aprender a trabalhar com o computador, assim têm um maior “controlo” dos filhos. È necessário que o encarregado de educação saiba ir ao MSN, ao hi5. Os pedófilos aproveitam o distanciamento dos pais para “atacar” as suas vítimas, por isso ser necessária a sua formação.
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